PacienteMente - Cacto

Há um tempo ouvi falar sobre um movimento chamado slow parenting onde os pais buscam desacelerar a rotina dos filhos e passar mais tempo com eles realizando atividades que fogem da grade escolar. A ideia é vivenciar momentos de lazer e brincadeiras. Achei aquilo o máximo, entendi a importância, mas não apliquei na vida real. 


No final do ano passado olhei a agenda de meu filho (5 anos) e percebi que a rotina dele não era muito diferente da minha, como adulta. Os horários estavam todos preenchidos com atividades escolares e somente no final de semana, tínhamos um certo descanso. 

Este ano, o caminho provavelmente iria se repetir. Foi quando a pandemia se instalou e fomos forçados ao isolamento social em casa. Foi preciso uma pandemia para que o slow parenting fosse colocado em prática. O isolamento social nos permitiu vivenciar esse movimento. Chocante né?

Mas se você pensa que isso foi aplicado logo no inicio da quarentena, não se engane. Demorou! Porque como cacto que sou, ainda caí na rotina exigente de manter home Office, trabalhos domésticos, cuidados com o filho, marido e cachorro em dia. Tudo na sua perfeita ordem (à minha vista). Ah, e ainda tinha que cuidar de mim. Continuar meus treinos, alimentação regrada e estudos. Que ilusão!
Fui percebendo, a duras penas, que isso é humanamente impossível.

Confesso que foi frustrante, mas libertador. Me dei a chance de viver e entender as imperfeições de não ter a casa limpa e organizada todos os dias, que precisava organizar minha agenda e adaptar meu trabalho a esta nova realidade, que meu filho agora precisava de mim também para as aulas online. 
Meu cachorro não passeia mais todos os dias e meu marido teria que contribuir mais com os afazeres domésticos, afinal não posso dar conta de tudo sozinha.
 
Me sinto como um cacto no vaso. Com espaço limitado para as raízes, mas ao mesmo tempo, entendendo que essa fase está passando. A pandemia está passando. Eu só preciso continuar resiliente e aproveitando da melhor maneira possível os momentos com minha família. É a oportunidade de ensinar ao meu filho, não apenas lições escolares, mas ensinar valores, brincar e até mesmo não fazer nada, aproveitando o tédio com quem divide a casa comigo.

PacienteMente,
Paulinha



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