A importância da relação entre pais e filhos

O pai é o primeiro “estranho” que a criança encontra fora do ventre da mãe, e encarna primeiramente tudo o que não é “ela”. Ele se torna o terceiro fator nessa relação de afeto familiar, ao mesmo tempo que configura um elemento de separação (ainda que simbólica) entre a mãe e a criança.


A relação com esse primeiro “estranho”, ou seja, a relação entre pai e filho, como instintivamente sabemos, é fundamental para o desenvolvimento saudável de qualquer indivíduo. A qualidade da relação entre o pai e o filho, entretanto, é tão importante quanto a presença física, palpável, do pai. Uma relação calorosa e afetuosa entre um pai e seu filho vai reforçar o desenvolvimento de vários aspectos da identidade deste último. Os limites e a disciplina impostos pelo pai só serão eficazes nesse contexto. A qualidade dessa relação, ao contrário do que se acreditou por muitos anos na psicologia, é ainda mais importante nos primeiros anos de vida. As crianças que sofreram com a ausência do pai ao longo dos dois primeiros anos são menos eficientes, em vários aspectos do desenvolvimento da personalidade, que aquelas não tiverem os pais presentes em uma idade mais avançada. Crianças cujo pai se ausentou enquanto tinham menos de 2 anos de idade revelaram-se menos confiantes, menos criativos e com sentimentos de inferioridade maiores que nas crianças cujos pais tinham se ausentado entre as idades de 3 a 5 anos.

Um pai “ausente”, por outro lado, pode ser física ou emocionalmente inadequado ao se comportar de modo disfuncional com seu filho. A principais situações que causam as maiores frustações na relação  ai e filho podem ser resumidas nas seguintes:
(1) A ausência prolongada do pai, seja pelo abandono puro e simples ou por uma internação hospitalar prolongada, por exemplo.
(2) A falta de resposta do pai às necessidades de afeição e de ligação do filho, quando o pai negligencia os comportamentos pelos quais a criança demonstra sua necessidade de atenção.
(3) As ameaças de abandono por parte do pai, utilizadas com o objetivo de punir ou de disciplinar a criança.
(4) A indução da culpa na criança, com o uso de afirmações que visam torna-la responsável pela doença ou até pela morte de um dos genitores.
(5) Um pai que “dá trabalho” ao filho; como no caso de um pai alcoólatra, por exemplo. Numa situação como essa o filho pode se sentir obrigado a agir como um pai, crescendo rápido demais para a sua idade.
(6) Agressões físicas regulares, por toda a carga de violência, humilhação e rejeição que carregam.

Portanto, é fundamental que os pais invistam tempo, energia e amor em suas relações com os filhos. Uma criança corre o risco de permanecer uma pessoa passiva e incompleta se, ao chegar em casa, o pai se limitar a esticar o corpo sobre o sofá para assistir televisão, sem participar do funcionamento da família.

Com carinho,
Isadora Lacerda.

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